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Como escolher um microcontrolador para seu projeto

Como escolher um microcontrolador para seu projeto

Escolher o microcontrolador para um projeto é uma etapa crítica que pode determinar o sucesso ou fracasso de um desenvolvimento de hardware e firmware. Existem várias considerações a serem feitas para garantir que o microcontrolador selecionado atenda a todas as necessidades do seu projeto.

Aqui estão os principais fatores que considero primordiais:

  1. Requisitos de Processamento

Poder de Processamento:

Determinar a complexidade das tarefas que o microcontrolador precisará executar é crucial. Projetos simples, como controle de LEDs, botões, Displays BCD, Display LCD alfanuméricos e leitura de sensores básicos, podem ser realizados com microcontroladores de 8 bits.

Já os microcontroladores de 32 bits, especialmente os baseados na arquitetura ARM Cortex-M, oferecem desempenho avançado para tarefas complexas, como processamento digital de sinais, controle de motores e execução de algoritmos robustos. Eles são ideais para aplicações que exigem alta performance e manipulação intensiva de dados, contando ainda com amplo suporte de desenvolvimento e eficiência energética.

Velocidade do Clock

Microcontroladores com clock mais alto têm a capacidade de executar instruções rapidamente, o que é fundamental para aplicações que exigem tempos de resposta ou processamento em tempo real. No entanto, é essencial equilibrar isso com o consumo de energia, já que microcontroladores de alta frequência tendem a consumir mais energia, afetando a vida útil da bateria em dispositivos móveis ou portáteis.

A escolha do clock apropriado deve considerar esse equilíbrio, garantindo que o microcontrolador atenda aos requisitos de velocidade sem comprometer a eficiência energética do sistema. Além disso, é importante considerar fatores como tolerância ao jitter e requisitos de precisão de temporização.

Adicionalmente, velocidades mais altas de clock podem aumentar a suscetibilidade do microcontrolador a ruídos e interferências eletromagnéticas (EMI) externas, o que requer medidas de design adequadas, como roteamento de sinais e técnicas de filtragem, para garantir a operação estável do sistema.

  1. Memória

RAM e ROM:

A memória RAM é utilizada para armazenar dados temporários durante a execução do programa, enquanto a ROM é usada para armazenar o código do programa e dados constantes que não são modificados durante a execução.

Projetos com requisitos de memória maiores, como aplicações que envolvem interfaces gráficas, processamento de imagens, áudio, vídeo, ou algoritmos complexos, demandam uma quantidade significativa de memória RAM para manipulação de dados em “tempo real”. Da mesma forma, uma ROM espaçosa é essencial para armazenar o código do programa, bibliotecas de funções e quaisquer dados estáticos necessários para a operação do sistema.

Além da capacidade de memória, é importante considerar a velocidade de acesso à memória, especialmente para aplicações que exigem rápida leitura e gravação de dados. Microcontroladores com caches de instrução e dados podem melhorar o desempenho ao reduzir o tempo de acesso à memória principal.

EEPROM:

Para armazenamento de dados não voláteis, como configurações que precisam ser mantidas após um reinício, a presença de EEPROM pode ser crucial.

Muitos microcontroladores modernos não possuem uma EEPROM interna. Em vez disso, usa-se uma técnica de emulação de EEPROM na memória Flash interna. Nesse método, uma parte da memória Flash do microcontrolador é reservada para simular o comportamento de uma EEPROM, sendo possivel guardar estes dados e até mesmo desenvolver um bootloader para update do firmware.

Na prática, isso significa que você pode gravar e regravar dados nessa área da memória Flash de forma semelhante à operação em uma EEPROM tradicional. Isso é útil para armazenar configurações ou dados que precisam ser mantidos mesmo após um reinício ou desligamento do dispositivo, garantindo a persistência dos dados não voláteis.

A emulação de EEPROM na memória Flash oferece algumas vantagens, como aproveitar a memória existente do microcontrolador sem a necessidade de um componente de hardware separado. No entanto, é importante seguir as práticas recomendadas de escrita na memória Flash para evitar desgaste excessivo e garantir a integridade dos dados armazenados ao longo do tempo.

  1. Periféricos e Interfaces

GPIO Pins (General Purpose Input/Output Pins):

Definir previamente o número médio de pinos GPIO a serem utilizados no projeto é muito importante para selecionar devidamente o tamanho do microcontrolador escolhido, impactando tanto no custo do componente quanto no custo final do produto, por consumir mais ou menos espaço na Placa de Circuito Impresso (PCB).

Ficar atento a esta especificação, sem superestimar, mas também sem limitar excessivamente a quantidade de pinos, é fundamental para uma seleção inteligente do microcontrolador.

Interfaces de Comunicação:

Verifique quais interfaces de comunicação o microcontrolador oferece (I2C, SPI, UART, USB, Ethernet, etc.). A escolha das interfaces de comunicação depende dos periféricos que o microcontrolador precisará para se comunicar.

Cada interface tem suas características específicas em termos de velocidade, complexidade de implementação, e requisitos de hardware. Ao selecionar um microcontrolador, é importante verificar quais dessas interfaces estão disponíveis e são adequadas para os requisitos do projeto, garantindo uma integração eficiente e confiável com os dispositivos externos necessários.

Em algumas destas interfaces, pode ser necessária a utilização de um “transceiver”. Além disso, alguns periféricos são comuns, por exemplo a UART, I2C e SPI, mas outros, como Ethernet, CAN, USB fazem com que o preço do microcontrolador tenha acréscimo, ou seja, cuidado para não superestimar sua necessidade.

Conversores A/D (Analógico/Digital):

O conversor A/D é utilizado para converter sinais analógicos de tensão em digital, desta forma é possivel lermos sensores de temperatura, corrente, ou outro tipo de grandeza física que entreguem a leitura na forma de tensão analógica, e traduzir esta leitura para o mundo digital dos microcontroladores. A importância do A/D reside na precisão da conversão analógico-digital, medida principalmente em termos de resolução (número de bits) e taxa de amostragem.

  • Resolução: A resolução define a quantidade de bits usada para representar o sinal digitalizado. Por exemplo, um conversor A/D de 12 bits pode representar o sinal em 4096 níveis discretos, enquanto um de 16 bits oferece 65536 níveis. Maior resolução geralmente significa maior precisão na captura de variações pequenas no sinal analógico.
  • Taxa de Amostragem: Refere-se à frequência com que o conversor A/D realiza as conversões. É medida em amostras por segundo (SPS – Samples Per Second) e determina a capacidade de capturar variações rápidas no sinal analógico. Por exemplo, uma taxa de amostragem de 1 kHz significa que o conversor pode capturar mil amostras por segundo.

Conversor D/A (Digital/Analógico):

O conversor D/A é utilizado para converter sinais digitais de volta para o formato analógico. Isso é útil em aplicações que requerem a geração de sinais analógicos precisos, como áudio, controle de motores, modulação de sinais, entre outros.

  • Precisão e Resolução: Assim como no conversor A/D, a precisão e a resolução do conversor D/A são importantes. A resolução define a granularidade com que o sinal analógico pode ser gerado, enquanto a precisão refere-se à fidelidade do sinal gerado em relação ao sinal digital de entrada.

Ao escolher um microcontrolador para um projeto, é essencial verificar a presença e as características dos conversores A/D e D/A adequados às necessidades específicas do projeto. Isso garante que o sistema possa ler sinais analógicos com precisão e gerar sinais analógicos de alta qualidade conforme requerido pelas aplicações do projeto.

Timers e PWM:

Timers: Os timers (ou temporizadores) são componentes essenciais em microcontroladores utilizados para diversas funções críticas em tempo, como geração de sinais de PWM, medições de tempo, controle de eventos e interrupções periódicas. Eles são contadores que podem ser configurados para contar ciclos de clock internos do microcontrolador ou eventos externos.

  • Funções Principais:
    • Geração de PWM: Os timers são frequentemente utilizados para gerar sinais de PWM, que são fundamentais para controle de motores, ajuste de luminosidade em LEDs, controle de fontes de alimentação comutadas, entre outras aplicações onde é necessária a modulação da largura do pulso para controlar a potência entregue ao dispositivo.
    • Medições de Tempo: Podem ser configurados para medir intervalos de tempo entre eventos, contagem de pulsos externos (como de encoders), e para cronometragem precisa de processos.
    • Interrupções: Os timers podem gerar interrupções periódicas em intervalos pré-definidos, o que é útil para a execução de tarefas temporizadas em aplicações de controle ou processamento em tempo real.
  • Quantidade e Resolução:
    • A quantidade de timers disponíveis e sua resolução (número de bits do contador) são fatores decisivos. Microcontroladores podem variar na quantidade de timers dedicados e na resolução disponível para cada um. Uma resolução maior permite uma contagem mais precisa de intervalos de tempo e uma geração mais fina de sinais de PWM.

PWM (Pulse Width Modulation): PWM é uma técnica que consiste na variação da largura de um pulso de sinal em um ciclo de trabalho específico. Isso permite controlar a média da potência entregue a dispositivos ou componentes analógicos.

  • Aplicações Comuns:
    • Controle de Motores: Permite controlar a velocidade de motores elétricos DC e servo-motores.
    • Controle de Iluminação: Usado para ajustar a intensidade de LEDs e lâmpadas.
    • Fontes de Alimentação Comutadas: Regula a saída de tensão ou corrente em circuitos de alimentação.
  • Configuração e Parâmetros:
    • A frequência de PWM e o ciclo de trabalho (ou duty cycle) são ajustáveis para atender às necessidades específicas do sistema. A frequência determina a taxa de repetição dos pulsos, enquanto o ciclo de trabalho controla a quantidade de tempo que o sinal está em nível alto (ou ativo) durante um período.

Integrar timers configuráveis e PWM eficientes em um projeto requer compreensão das especificações do microcontrolador em relação às necessidades de temporização e controle de potência do sistema, garantindo um funcionamento preciso e eficaz das aplicações desenvolvidas.

  1. Consumo de Energia

Eficiência Energética:

Para dispositivos alimentados por bateria, o consumo de energia é um fator crítico que impacta diretamente a vida útil da bateria. Microcontroladores de baixa potência são essenciais para prolongar o tempo de operação entre recargas ou substituições de bateria. Essa eficiência pode ser alcançada através de:

  • Arquiteturas de Baixo Consumo: Microcontroladores com arquiteturas otimizadas para baixo consumo de energia, incluindo o uso de tecnologias como processos de fabricação de baixa potência (como CMOS de baixo consumo) e otimizações no design de circuito.
  • Operação Inteligente: Utilização de técnicas como escalonamento dinâmico de frequência para ajustar dinamicamente a frequência de operação do microcontrolador com base nas necessidades de processamento atuais.
  • Gerenciamento de Energia: Implementação de algoritmos eficientes de gerenciamento de energia, como desativação de periféricos não utilizados, controle de tensão adaptável e técnicas avançadas de controle de energia em nível de sistema.

Modos de Economia de Energia: Os microcontroladores oferecem uma variedade de modos de economia de energia que ajudam a reduzir significativamente o consumo quando o dispositivo não está em uso ativo. Esses modos incluem:

  • Modo de Sono (Sleep Mode): Desativações parciais do microcontrolador, onde partes do dispositivo podem ser desligadas, por exemplo, desligamento do clock da CPU, enquanto funções essenciais, como periféricos e temporizadores para despertar, continuam operando.
  • Modo de Espera (Standby Mode): Desliga a maioria dos circuitos, incluindo periféricos e CPU, permitindo maior economia, e mantendo apenas funções essenciais, como temporizadores de baixo consumo, para permitir uma rápida retomada da operação completa.
  • Modos de Baixa Potência Específicos: Alguns microcontroladores oferecem modos adaptados para aplicações específicas, como modos de economia de energia para sensores em aplicações de IoT ou modos de economia de energia para rádios em comunicações sem fio.

A escolha de um microcontrolador com modos eficazes de economia de energia é crucial para maximizar a eficiência energética de dispositivos alimentados por bateria, prolongando sua autonomia e reduzindo a necessidade de manutenção frequente de energia.

  1. Facilidade de Desenvolvimento

Ferramentas de Desenvolvimento:

A disponibilidade de ferramentas de desenvolvimento, como IDEs, compiladores, debuggers e bibliotecas, desempenha um papel crucial na facilidade e na velocidade do desenvolvimento de projetos com microcontroladores. IDEs robustas e amigáveis, juntamente com compiladores eficientes, simplificam a codificação, o teste e a depuração do software embarcado. A presença de ferramentas gratuitas ou de baixo custo também representa uma vantagem significativa, tornando o desenvolvimento mais acessível e econômico.

Suporte da Comunidade:

Um microcontrolador com uma base de usuários ampla e ativa da comunidade oferece diversas vantagens. Fóruns de discussão, tutoriais online e exemplos de código prontos para uso são recursos valiosos que ajudam os desenvolvedores a superar desafios técnicos e acelerar o aprendizado. Além disso, a interação com outros usuários pode fornecer insights valiosos, soluções rápidas para problemas comuns e inspiração para novos projetos, tornando o processo de desenvolvimento mais colaborativo e enriquecedor.

Esses aspectos combinados garantem que o desenvolvimento com o microcontrolador escolhido seja eficiente, eficaz e bem suportado ao longo de todo o ciclo de vida do projeto.

  1. Custo

Custo Unitário:

Ao selecionar um microcontrolador, é crucial considerar o custo unitário, especialmente se o projeto estiver destinado à produção em larga escala. É importante equilibrar o custo do microcontrolador com as funcionalidades e o desempenho necessários para garantir que o produto final seja competitivo no mercado.

Microcontroladores com diferentes faixas de preço oferecem variedade de recursos, desde opções básicas de baixo custo até dispositivos mais avançados com maior poder computacional e periféricos integrados.

Custo de Desenvolvimento:

Além do custo do hardware em si, é essencial considerar os custos associados ao desenvolvimento. Isso inclui o investimento em ferramentas de desenvolvimento, como IDEs, compiladores, debuggers e simuladores, que podem variar de gratuitos a licenciados. Além disso, a curva de aprendizado associada ao microcontrolador escolhido também deve ser considerada, pois pode afetar o tempo necessário para o desenvolvimento do software e a eficiência geral do projeto. Escolher um microcontrolador com uma curva de aprendizado acessível e suporte abundante pode reduzir os custos de desenvolvimento a longo prazo e acelerar o tempo de lançamento no mercado.

  1. Disponibilidade

Disponibilidade no Mercado:

É crucial verificar a disponibilidade do microcontrolador no mercado antes de selecioná-lo para um projeto. Componentes que frequentemente estão fora de estoque ou têm longos prazos de entrega podem resultar em atrasos significativos no desenvolvimento do produto. Garantir que o microcontrolador escolhido esteja amplamente disponível e suportado pelos distribuidores pode mitigar riscos de interrupção na cadeia de suprimentos e assegurar uma implementação mais suave do projeto.

Obsolescência:

Ao escolher um microcontrolador, também é importante considerar sua longevidade e ciclo de vida no mercado. Optar por um microcontrolador com um ciclo de vida longo pode ajudar a evitar problemas de obsolescência prematura, onde o dispositivo pode se tornar difícil ou impossível de adquirir no futuro devido à descontinuação pelo fabricante. Isso é especialmente relevante em projetos que requerem suporte contínuo e manutenção ao longo de muitos anos.

 

 

  1. Conclusão

Ao escolher um microcontrolador deve ser considerado vários fatores para garantir que o microcontrolador atenda a todas as necessidades do projeto.

Primeiramente, é essencial avaliar os requisitos de processamento, velocidade de clock adequadas, balanceando desempenho e consumo de energia. A quantidade e o tipo de memória (RAM, ROM, EEPROM) também são críticas, especialmente para projetos que envolvem processamento intensivo ou que necessitam de armazenamento não volátil.

Além disso, quantidade de GPIO, periféricos e interfaces de comunicação adequadas (como I2C, SPI, UART, USB, Ethernet) é crucial para garantir a integração eficiente com outros componentes do sistema. Os conversores A/D e D/A, bem como timers e funcionalidades de PWM, são importantes para o controle preciso de sinais analógicos e temporização.

A facilidade de desenvolvimento é outro aspecto vital. Ferramentas de desenvolvimento robustas e suporte da comunidade podem acelerar o processo de criação e solucionar desafios técnicos de maneira mais eficiente.

O custo, tanto unitário quanto de desenvolvimento, deve ser cuidadosamente avaliado para garantir que o projeto seja viável economicamente, especialmente em produções em larga escala.

A disponibilidade e a longevidade do microcontrolador no mercado são cruciais para evitar atrasos no desenvolvimento e problemas de obsolescência no futuro.

Adicionalmente, consultar um representante ou distribuidor local é uma prática importante. Eles podem fornecer informações atualizadas sobre a disponibilidade de componentes, oferecer suporte técnico especializado e auxiliar na escolha do microcontrolador mais adequado para as necessidades específicas do projeto. Além disso, representantes locais podem ajudar a garantir um fornecimento contínuo de componentes, minimizar o risco de interrupções na cadeia de suprimentos e oferecer condições comerciais mais vantajosas, como prazos de entrega mais curtos e suporte pós-venda eficiente.

Ao considerar todos esses fatores e buscar o apoio de representantes ou distribuidores locais, é possível selecionar um microcontrolador que não apenas atenda aos requisitos técnicos do projeto, mas também assegure um desenvolvimento eficiente e sustentável, garantindo o sucesso a longo prazo do produto final.

 

Bibliografia :

Autoria própria equipe Itech.

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